quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Chuva (Mariza / Jorge Fernando)

chuva

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

(Poema: Jorge Fernando)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

BOXE!

Os níveis de açúcar no meu sangue desceram aos -10!!!

Tinha eu acabado o meu dia de trabalho, e decidido ir ao ginásio nas catacumbas da biblioteca, até já tinha feitos 4 km de bicicleta e 60 abominais, quando subitamente surgiu um convite:
"Do you want to participate in our first Boxe class"

Inspirado pelos longos minutos que passei nas últimas semanas a dar socos no morto saco de boxe, a minha resposta foi imediata "Yes"....

Eu já esperava que ia levar uma esfola, mas nunca pensava que seria assim.... a esfola foi tal que no final ninguém se podia mexer .... Nós só podíamos dar socos nas luvas do parceiro, nada de narizes a derramar vinho tinto e nada de olhos à Boavista, mas tinhamos de saltar e dar socos sem parar durante 1 min, depois durante 3 min, fazer sequências de socos, fazer abominais, flexões e de exercícios de flexibilidade (estive sempre a altura destes 3 exercícios, se não o melhor apesar da minha camada de reserva). Mas, quando chegou ou ponto de fazer sequências de socos, com saltos, sem saltos, esquerda esquerda direita durante interminaveis 60 segundos os meus níveis de açúcar caíram para valores abaixo de zero.... E para agravar a esfola havia um camelo de um Polaco que a cada 10 minutos abria a boca para apanhar moscas, e cada vez que ele fazia essa asneira todos nós tínhamos de fazer flexões.... Raios partam o gajo.................

Foi giro e recomendo todos aqueles e aquelas que tiverem a oportunidade para experimentarem....


sábado, 16 de outubro de 2010

A noite da cultura e dos 3-1!

Numa semana onde não caiu "O Carmo e a Trindade", mas que iniciou com uma inesperada e caricata entrevista em directo para a Televisão Nacional Dinamarquesa!... Aos quinze minutos da segunda parte, um tipo segurando um microfone de alarmantes dimensões e perseguido por uma câmara de filmar nos interpelou -
"Are you Portugueses?" (Vocês são Portugueses)
o "pessoal" respondeu ferforosamente e com o sorriso de quem estava a ganhar por 2-0:
"Yes we are....! (sim....)
ao que ele respondeu
"In five minutes we will be in direct to the Danish National Television, and I will make some questions about the game, OK? (Em 5 minutos vamos estar em Directo para um Televisão Nacional Dinamarquesa, e vou vos fazer umas perguntas sobre o jogo, OK?)

Quais 5 minutos, foram mais de 10 minutos!!!!!! Pelo menos deu para terminar a "cervejola" , encher os pulmões por o peito para fora e a barriga para dentro, bem esta parte foi mais difícil....

Repentinamente o homem começou a falar estranho (dinamarquês) e de súbito "atirou-nos" o microfone, a câmara que o perseguia apontou-nos a luz. Estive quase a ficar com a retina toda "lixada" por tão súbito clarão............
(...........)

Ontem foi noite da cultura, a cidade tinha tanto actividade, eram milhares de abelhas e de "abelhões" sequiosos de cultura..... O cenário era o seguinte, comprava-se um kit, não um kit de primeiros-socorros, mas um kit para a noite da cultura, onde constava um crachá, um mapa da cidade com os museus e os locais com actividades culturais e o programa do evento. Ups... já me ia esquecendo e também fazia parte do kit um bilhete............. UM BILHETE QUE NÃO SERVIA PARA NADA, "só o cráchá é que valia" .................................

E lá fui eu todo lampeiro, de casaco fechado até ao queixo e sem chapéu, porque o sol já tinha morrido à muito e não era noite de lua cheia.... Até troquei os sapatos para parecer mais culto.... :) Na ida o facto de não ter conseguido ter jantado nas últimas 4 noites devido a trabalhos.... e só ter ingerido umas sandes, fez soar a campainha. Tive de parar e marfar para abastecer o depósito, que já estava na reserva.... Depois, foi só caminhar e constatar que nos locais onde eu desejava visitar estavam filas para 30 min.... lá visitei alguns pontos, mas foi terminei a noite no bar da LIFE. Que compreensivelmente se encontrava às moscas!!!!

E assim foi a semana!!!!






sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Fernando Pessoa

Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas
que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos
que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas
dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo
vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que
trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar
cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo....
Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:
- "Quem são aquelas pessoas?"
Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto!
"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha
vida!"
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente......
Quando o nosso grupo estiver incompleto...reunir-nos-emos para um
último adeus de um amigo.
E, entre lágrima abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em
diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua
vida, isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo.....
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades....
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos
os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

domingo, 5 de setembro de 2010

O regresso!!

Já não me lembro quando foi a última vez que relatei as minhas aventuras neste espaço, mas este Verão muito boa gente apontou-me esta falha... E como lhe havia prometido, vou voltar a escrever neste espaço com maior perioricidade, espero eu!!!!...

Este Verão foi um muito divertido, quase como nos velhos tempos de estudante..., talvez porque em 2009 não tive a oportunidade de o viver na graciosa. Tenho a certeza que esta ausência me fez mais sensível e valorizar mais as coisas pequenas, as experiências, os cheiros e os sons dos Verões vividos na Graciosa.

1) Das longas tardes passadas na Calheta, quer seja a banhar me no mar ou nos raios de sol.
2) Das várias festas, dos largos minutos passados a comer uns bons petiscos, a beber umas quantas cervejas bem fresquinhas e a conversar com velhos amigos, e com velhos camaradas à muito desaparecidos na batalha da vida....
3) Da toura à corda de sexta-feira de Santo Cristo, em que a tripla habitual foi fulcral para o sucesso da tourada, nunca deixando os membros da tasca sem actividade das 17:30 até 22:00.
Mas, actividade continuou em outras "tascas" até as 7:00.
4) O programa Verão Total, uma chapada na face do resto do pais e um soco no estômago para as ilhas que gerem o arquipélago em regime colonial, onde se mostrou que na graciosa também vive gente.

Tanta outras coisas.... Foi excelente.... A única coisa que me impressionou pela negativa, foi a moda das "minis". Para onde eu ia lá estavam elas, as 200ml !!! Várias vezes questionei-me: "Porquê motivo deixaram as bebidas de Homem e passaram para... minis?!?!?!?!!!!??!?!?". Somente me deixei levar na onda quando não havia balas de maior calibre, sabendo que necessitaria de mais balas para abater o animal.

Depois de algumas semanas na Graciosa, o dever chamou-me, tive de passar uma semana no Japão em trabalho, no entanto ainda tive tempo para algum divertimento. Infelizmente como tinha prometido e imaginado não tomei banho nas águas castanhas e termais, mas tudo o resto correu às mil maravilhas.

A 1 do 9 regressei ao pequeno 203, o termómetro registou um diferença de menos 10ºC ao que eu tinha experimentado nas últimas semanas, mas o relógio acusava um diferença horária de mais 2 horas... Alguns dias para voltar à realidade....
Ontem fui dar uma volta e fiquei impressionado com muitas coisas novas, aprendi a fazer pipocas numa fogueira sem usar qualquer tipo de óleo (sempre a aprender). Hoje encontrei um casal de tugas e estivemos à conversa alguns minutos, mas de repente passou um carro e atirou um pêssego em velocidade torpedo para as pessoas que se encontravam no passeio. Basicamente um atentado, mas com um pêssego, só me apeteceu rir..... Isto fez-me recordar um dia de Setembro de 1999, ia eu e os meus colegas caloiros pelas ruas estreitas da ribeira do Porto a cantar depois de uma volta de barco no douro e uma prova de vinho nas caves de vinho do Porto. Na verdade não íamos a cantar, íamos a berrar e perfurar os timpanos de todos aqueles que se encontravam num raio de 50 metros. Motivo pelo qual uma Dona da ribeira atirou um balde de água de uma janela e um trolha atirou uma maçã. Ambos fizeram acompanhar os seus lançamentos, dignos de serem convocados para os jogos olímpicos, com uma rajada de palavrões capazes de perfurar a armadura mais dura...

Enfim, mais aventuras esperam-se para os próximos dias.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

DIA DE PORTUGAL e das COMUNIDADES!

10 de Junho, dia de Portugal e das Comunidades.

A história repete-se, tal como no ano anterior aceitei com todo o orgulho o convite do Ex. Sr. Embaixador de Portugal na Dinamarca para festar com a restante comunidade Portuguesa
o dia de Portugal....

Parece sina, mas as peripécias da minha viagem repetiram-se, no entanto este ano não me enganei na estação, os comboios é que estavam avariados.... Aventuras..... Porém cheguei 5 min antes da hora marcada, tal como em 2009...

Do queijo da serra, à boa febra no pão, ao pastel de bacalhau, .... ao vinho, e à música
a festa foi de arromba: ".....Este ano está mais animada!!!...". E mais do que encher a barriguinha com o repasto, e de ouvir uma boa melodia foi interessante rever algumas caras conhecidas, e conhecer caras novas e estabelecer novos contactos....

Mais um dia, mais um dia para nãos esquecer os anteriores, viver o presente e preparar os próximos........





quarta-feira, 19 de maio de 2010

E depois do Adeus!

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós

(Letra: José Niza)

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Cavalo à solta! Ary dos Santos

Cavalo à solta



Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.


Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.


Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.


Minha alegria
minha amargura
minha coragem de
correr contra a ternura.


Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.


Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.

José Carlos Ary dos Santos