sábado, 8 de outubro de 2011

Poema da malta das naus


Lancei ao mar um madeiro,

espetei-lhe um pau e um lençol.
Com palpite marinheiro
medi a altura do Sol.
 
Deu-me o vento de feição,
levou-me ao cabo do mundo.
pelote de vagabundo,
rebotalho de gibão.
 
Dormi no dorso das vagas,
pasmei na orla das praias
arreneguei, roguei pragas,
mordi peloiros e zagaias.
 
Chamusquei o pêlo hirsuto,
tive o corpo em chagas vivas,
estalaram-me a gengivas,
apodreci de escorbuto.
 
Com a mão esquerda benzi-me,
com a direita esganei.
Mil vezes no chão, bati-me,
outras mil me levantei.
 
Meu riso de dentes podres
ecoou nas sete partidas.
Fundei cidades e vidas,
rompi as arcas e os odres.
 
Tremi no escuro da selva,
alambique de suores.
Estendi na areia e na relva
mulheres de todas as cores.
 
Moldei as chaves do mundo
a que outros chamaram seu,
mas quem mergulhou no fundo
do sonho, esse, fui eu.
 
O meu sabor é diferente.
Provo-me e saibo-me a sal.
Não se nasce impunementenas praias de Portugal."António Gedeão in Teatro do Mundo

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sete Mares (Sétima Legião - in Mara D'Outubro

Tem mil anos uma história
De viver
Há mil anos de memória a contar
Ai, cidade á beira-mar
Azul

Se os mares são só sete
Há mais terra do que mar ...
Voltarei amor com a força da maré
Ai, cidade à beira-mar
Ao sul

Hoje
Num vento do norte
Fogo de outra sorte
Sigo para o sul
Sete mares

Foram tantas as tormentas
Que tivemos de enfrentar...
Chegarei amor na volta da maré
Ai, troquei-te por um mar
Azul

Hoje
Num vento do norte
Fogo de outra sorte
Sigo para o sul
Azul

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Açores....


Deram frutos a fé e a firmeza
no esplendor de um cântico novo:
os Açores são a nossa certeza
de traçar a glória de um povo.
Para a frente! Em comunhão,
pela nossa autonomia.
Liberdade, justiça e razão
estão acesas no alto clarão
da bandeira que nos guia.
Para a frente! Lutar, batalhar
pelo passado imortal.
No futuro a luz semear,
de um povo triunfal.
De um destino com brio alcançado
colheremos mais frutos e flores;
porque é esse o sentido sagrado
das estrelas que coroam os Açores.
Para a frente, Açorianos!
Pela paz à terra unida.
Largos voos, com ardor, firmamos,
para que mais floresçam os ramos
da vitória merecida.
Para a frente! Lutar, batalhar
pelo passado imortal.
No futuro a luz semear,
de um povo triunfal.
(Natalia Correia)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Foram Cardos foram prosas (Ritual Tejo)

Há luz sem lume aceso
Mas sem amar o calor
À flor de um fogo preso
À luz do meu claro amor

Há madresilvas aos pés
E aguas lavam o rosto
A morte é uma maré
Olho o teu amado corpo


Será sempre a subir
Ao cimo de ti
Só para te sentir
Será no alto de mim
Que um corpo só
Exalta o seu fim

Não foram poemas nem rosas
Que colheste no meu colo
Foram cardos foram prosas
Arrancados ao meu solo

Oi que ainda me queres
No amor que ainda fazemos
Dá-me um sinal se puderes
Sejamos amantes supremos




Será sempre a subir
Ao cimo de ti
Só para te sentir
Será no alto de mim
Que um corpo só
Exalta o seu fim

10 Junho de 2011 - Dia de Portugal e das Comunidades.

Dia de Portugal e das Comunidades,

É com tristeza  que este ano não se realizou a recepção do dia de Portugal e das Comunidades, por motivo lógico e compreensível. Porém, um grande número de Portuguese reuniu-se no palco 6 (Culturie) no festival anual "Carnaval" no Fælledparken, onde atuou (actuou == antes do acordo ortográfico; atuou === depois do acordo) um artista Português. Muitas caras conhecidas, muitas delas só encontro do dia 10 de Junho, contudo foi um excelente fim de tarde .... com muito samba.

http://www.copenhagencarnival.dk/english/

segunda-feira, 21 de março de 2011

Canção da Madruga (José Carlos Ary dos Santos)

De linho te vesti
de nardos te enfeitei
amor que nunca vi
mas sei.
Sei dos teus olhos acesos na noite
sinais de bem despertar
sei dos teus braços abertos a todos
que morrem devagar
sei meu amor inventado que um dia
teu corpo pode acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.
Irei beber em ti
o vinho que pisei
o fel do que sofri
e dei
dei do meu corpo um chicote de força
rasei meus olhos com água
dei do meu sangue uma espada de raiva
e uma lança de mágoa
dei do meu sonho uma corda de insónias
cravei meus braços com setas
descobri rosas alarguei cidades
e construí poetas
e nunca te encontrei
na estrada do que fiz
amor que não logrei
mas quis.
Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo há-de acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer
então:
nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
nem forcas, nem cardos, nem dardos, nem guerras
nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas
nem forcas, nem cardos, nem dardos, nem guerras
nem paz

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Cenas...

Já algum tempo que não escrevo neste espaço, mas nas últimas semanas tenho passado por
várias experiências, aventuras, merecedoras de serem relatadas neste espaço....
umas cómicas e outras tristes....

Exemplo: .. 1) Pé de couve... 2) A peru.... 3) Árvores brancas 4) Barcelona...

Infelizmente não as tenho registado, contudo hoje tive de sumariar a "cena" que se passou comigo ...

Depois de almoçar fui até ao centro beber um cerveja com um grupo de amigos, depois da cerveja fui em direcção ao meu destino... e no caminho comprei um chocolate para abafar o "bafo" da cerveja.... porque não seria politicamente correcto ter bafo de cerveja na minha actividade de final de tarde. Tinha eu começado a degostar o meu chocolate quando subitamente fui abordado ..... literalmente pescado..... infelizmente não por uma loira de olhos azuis e de roliços seios, mas por uma senhora .... Ela fazia parte de um grupo de gente bem falante, simpático e que se ofereciam para determinar o nível de "stress" de todo aquele que desejasse saber.

Como ainda tinha algum tempo agarei o anzol, arromei o meu delicioso chocolate, e fui a apresentado à pessoa que me iria fazer o teste, mas como todas as máquinas estavam ocupadas
estivemos a conversa alguns minutos. Desde o ínico abri o olho e notei algo de estranho no ambiente e ..... ...Porque de onde estavamos conseguia ver as máquinas, perguntei ao tipo qual era o princípio da coisa.... e ele - ".... blablabla.... blabla.. são as ondas.... blabla""". Explicou que deveria agarar os dois dispositivos de metal, e que o ponteiro da máquina indicaria o meu nível de stress, se estivesse stressado a agulha mexia-se para direita.... se não estivesse estressado agulha mexia-se para direita.... logo reparei que seria impossível o ponteiro mover-se para a esquerda .... porque não havia escala ....

Então lá começou o homem a pregar, primeiro temos de aquecer os dispositivos de metal e de a seguir vem as perguntas, mas referiu que se desejasse não era necessário responder bastava pensar na resposta porque ele só queria ver a resposta da máquina...........................

1) pergunta .... não lhe dei a resposta, mas vi que ele ficou atrapalhado porque não lhe disse, pelo que me pediu para eu lhe dizer. Olhei pelo canto do olho o valor do ponteiro...
2) pergunta... lá respondi e voltei a olhar pelo canto do olho o valor indicado pelo ponteiro
3) pergunta .... rebentei com o dispositivo o ponteiro ficou colado no valor máximo de estress...
4)....
5) não houve quinta pergunta .... ele foi directo ao seu objectivo: "... Aqui tem o livro com todas respostas para conseguir "matar" o stress .... este livro é seu... este livro é seu....
Peguei no livro, voltei a olhar... e o tipo repetiu a mesma cantiga várias vezes .... então fechei o livro e perguntei: É gratuito? Ele respondeu dizendo que não, e voltou a pregar cantigas ...

E eu disse que não queria o livro .................. estavam cheio de frio e farto de ouvir aquela conversa barata pelo que fui obrigado a dizer de forma brusca que tinha tomado uma decisão,....não iria comprar o livro... Após ouvir várias vezes a minha resposta ele chamou reforços...

E porque sempre lhes disse que não iria comprar o livro, eles começaram a ficar chateados por não me conseguirem enganar....

Desejei-lhes boa sorte e romei o meu caminho....

Sempre que me lembro da situação penso que aquilo era uma verdadeira armadilha, muito bem montada...


Cuidado, o próximo podes ser tu.